tem dias em que me bate uma saudade danada.
e é uma saudade de coisas bem antigas, na maior parte das vezes.
hoje acordei querendo levantar logo, na esperança de alcançar a Brasília branca que meu pai teve há 20 anos. quase todo feriado ela pegava a estrada.
com ela a gente também ia fazer a "compra do mês" e comer pizza depois.
tenho saudade de tomar café com a minha irmã, de picar pão no café com leite.
a gente também fazia piquenique de chocolate no sítio do meu vô.
lá, ainda acampávamos (mesmo que fosse ao lado da casa), tomávamos banho de ducha.
tenho saudade das roupas da minha avó, que sempre eram usadas nas brincadeiras.
saudade da coberta arrumada pela minha mãe antes de dormir, da gemada.
das brigas engraçadíssimas com minha irmã e minhas primas.
do classic que meu pai teve, que na verdade era um velho Chevette.
de comprar yakult da moça que vendia na rua.
da vodka que eu levava escondido de casa pra misturar na coca, nas baladinhas adolescentes com a luana.
do natal como eu o via.
dos tombos e ralados constantes.
da primeira vez que tomei "um golinho" de Piper do Nando. e de todas as outras também.
eu sabia exatamente onde ficava o Botafogo, a Avenida Atlântica. a gente amava o Banco Imobiliário.
a gente catava prego pro meu vô e depois ele dava chocolate em troca. justo.
quando não queríamos, nos escondíamos no pé de jabuticaba. ele não nos via, ou fingia não ver, pra não atrapalhar a brincadeira.
o tempo passa e a gente vai ficando bobo, né ?