: Diz-se de criança irrequieta e traquina, que não está quieta um só momento.

Tuesday, January 04, 2011

a peleja entre Mulher Maravilha e Bukowski


 Contas pagas pontualmente, mercado sempre feito, Pilates duas vezes por semana; análise, uma. Diarista a cada quinzena. Depilação e unhas em dia. Dermatologista bem de manhã. Tubos resolvidos no trabalho. Cacos familiares. E segue o checklist. Tudo isso como quem diz bom dia, tudo isso como se eu estivesse num comercial do Molico. Mulher Maravilha.
 Ler por horas a fio, não ter o silêncio interpretado como problema, não beber 4 litros de água por dia, deixar a conta correr livre, trabalhar menos (e não me sentir culpada por isso), ter meu namorado do lado para fazer o mercado (e carregar as sacolas depois), descobrir músicas velhas, morar numa casa com quintal, gastar horas preparando um jantar num dia qualquer. Tudo isso como quem diz bom dia, tudo isso como se eu estivesse no filme Julie & Julia. Bukowski.
 Vidas diferentes, mesma pessoa.
 Anteontem, voltando de Lisboa, chorei com força, insistentemente, como o filho que se joga entre os pais, pra afirmar algo. Sem saber porquê, tinha chorado três vezes nesse que era meu último dia em Portugal. Desde então, venho tentando decifrar esse vômito emocional, esse sinal interno.
 Hoje, no carro, duas palavras se cruzaram, do nada, na minha cabecinha que produz um bocado: Mulher Maravilha e Bukowski.
 Com a ajuda de meu amigo Freud, percebi que o quê está em jogo é abrir mão: seja da mulher prática e bem resolvida (termo que detesto, mas que ajuda a explicar), seja da avoada e hedonista.
 Por que quando a Mulher Maravilha, exausta, tem uma semana de ócio, bons vinhos, namorado a mão, ruelas desconhecidas, cabeça vazia, ela se derrete. Invade, então, a porção Bukowski.
 Quando o lado Bukowski vê que a vida vai voltar com toda sua dureza, burocracia, vê que a fatura do cartão vence logo mais e que o vinho não será nem barato, nem tão bom, ele bate o pé, esperneia.
 No meio dessa peleja toda ainda tem espaço pra muitas outras Fabianinhas (como diz Pedro Juan Gutiérrez), tão difíceis de domar quanto a Mulher Maravilha e Bukowski.
 Mas somente essa percepção_não de qual personalidade é melhor, mas sim de que preciso conviver em harmonia com as duas_, já me deu um baita alívio.
 Somos muitos, somos vários. E isso não é bom nem ruim. Isso é a vida que, assim como num filme do Woody Allen, é boa, engraçada, dura e cruel ao mesmo tempo. É a velha história do "tudo não terás". Infelizmente.

8 Comments:

Blogger FA said...

ihuuull! tava com saudades dos seus posts. gosto um tanto das fabianinhas.

12:20 PM

 
Blogger FA said...

This comment has been removed by the author.

12:20 PM

 
Blogger fervilheta said...

eu também tava com saudade de escrever e dos amigos que aparecem por aqui!
já as "fabianinhas", não são mto fáceis, viu, fabi's ?!
bj grande.

12:26 PM

 
Blogger Marcelo said...

Ou felizmente...

Bjos

6:32 PM

 
Anonymous Lu Araripe said...

fazia tempo que não entrava no blog achando até que vc tinha desistido, hoje resolvi, sei lá, senti saudade do jeito gostoso que vc escreve. Tudo terás! ao menos eu desejarei sempre! beijo grande, e a saudade ainda continua aqui

5:24 PM

 
Blogger fervilheta said...

ô Lu, que bom te ver por aqui!
Tudo, tuuuuuuuuuuuuuuuuudo acho difícil, mas vamos tocando! kkkk
bj grande e que venham mais encontros!

6:19 AM

 
Blogger Rocio Infante said...

Para seu amor te procurar ainda hoje apaixonado(a) e querendo ficar com você, conte 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1 e em seguida repita: "Bruxos e bruxinhas assim que essa simpatia eu publicar,(diga o nome da pessoa amada) vai me procurar, se desculpar, pedir para me amar e falar que precisa muito de mim, ele(a) irá me ligar agora pois está pensando loucamente em mim. E me fará a pessoa mais feliz do mundo."

5:25 PM

 
Anonymous Anonymous said...

lóki, lóki. sempre, lóki !!!
bj, gatita.

fabi/fervi.

8:02 AM

 

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