: Diz-se de criança irrequieta e traquina, que não está quieta um só momento.

Saturday, April 26, 2008

uma sexta bacaninha

essa sensação não é nova.
a de pertencer a outro tempo. me sinto, por vezes, deslocada, embora disfarce bem.
parece que perdi meu "time"....
onde estão a bossa do Veloso, a poesia marginal, Cartola, a Lapa de Madame Satã, Caio Fernando Abreu, o dia pra vadiar, o Jangadeiros, a mesa de Tom na Plataforma, Torquato Neto, as pirações de Hélio Oiticica, o Clube da Esquina, as mulheres sem Botox, a tanga do Gabeira, Waly Salomão, o desbunde. onde estão ?
sinto que cheguei tarde. ou tudo foi rápido demais.
mas ontem, uma sexta bacaninha, matei um pouco dessa saudade.
vestindo camisetas que traziam a cara de Allen Ginsberg, tomando whisky em copinhos de café, lá estavam os senhores do Nuvem Cigana (durante uma alucinação, um deles jurou que viu uma nuvem meio arroxeada no céu, "assim, meio cigana", e acabou batizando o coletivo de poesia marginal que nasceu nos anos 70 com esse nome. dele nasceram várias manifestações coletivas no país: o teatro besteirol, a renovação do carnaval de rua carioca e por aí vai.)
Chacal e seus companheiros dispararam coisas desse calibre :
UMA OUTRA
se você acha que morar num apê
encardido e abafado na rua Siqueira
Campos um cabeça de porco botar
gravata todo dia para ir de ônibus
trabalhar na rua senador Dantas e
quando pinta tempo e grana batalhar
uma trepada se você acha que dormir
puto e acordar puto é uma eu já acho
é outra.

e eles vibram, vivem isso, não se enganam.
é um baita respiro !
pra terminar, uma cerveja com bife a rolê no Bar da Dona Onça, que acabou de ser inaugurado ali nos pés do Copan.
um ar retrô, classudo, porções com gosto de passado, naquele centrão decadente, sem retoques.
uma sexta bacaninha !
e assim a gente vai, meio que a conta-gotas.