calor e insatisfação

Os termômetros têm ultrapassado a marca dos 30 graus. Os comentários são sempre os mesmos. Nossa, quem aguenta esse calor, né ? Tô derretendo.....Aí chove horrores. Gente, que chuva é essa ? Alagou tudo....Aí cai pra 15 graus. Que isso, esse inverno em pleno janeiro ? Tô dormindo de edredom, acredita ? Mais conversas de elevador (é impressionante, os diálogos se repetem exaustivamente).

Enfim, estamos sempre insatisfeitos.

Seja com o namorado, com a cerveja que poderia estar mais gelada, com o chefe, com a chuva, com o síndico do prédio, com o calor, com a conta no banco, com o cabelo, com a falta de tempo, com o que ainda não veio.

Sempre querendo diferente, querendo de outro jeito.

Essa inquietação só é boa quando a gente faz algo pra mudar o que desagrada : seja cozinhar mais em casa ou trocar de namorado. Caso contrário, dependendo da gravidade (porque tem coisas que, vamos combinar...é só pedir uma cerveja mais gelada, né ?), isso vai gerando uma frustração sem tamanho.

Você vai engolindo aquela agonia, aquela insatisfação, toma com água pra descer melhor, mais um dia, até que não é tão mal, vamos tocando, mas no final, complica a digestão.

E dá pra começar as mudanças aos poucos, pra não assustar tanto. Quando for ver, já alterou um bocado de situações que incomodavam.

E é claro, depois de mudar, vai reclamar de novo. Porque a gente é assim : adora reclamar e quase nunca tá satisfeito.

Ô raça, viu ?