do blog do Bortolotto

MARCELO TAS NA TRIP
A vida que vale a pena ser vivida é a vida com riscos. Se sua vida não tiver alguma ousadia, não tem a menor chance de você ser feliz. Recebo milhões de e-mails de estudantes que me procuram para saber como ter uma vida sem risco: já querem um estágio para fazer algo que vai dar certo, dar uma aposentadoria legal, um plano de saúde e o décimo quinto salário...respondo: você quer o quê? Um plano pra ser infeliz? Pra ser traído pela sua mulher quando ficar rico? É uma loucura! Já estraguei muitas carreiras de mauricinhos, porque não adianta: é evidente que você vai ser infeliz se colocar como meta ficar rico. Coisa que aliás é muito fácil - você pode ser traficante, gigolô, deputado federal ou vereador ou, enfim, se você resolver...Sem desmerecer os parlamentares nem os traficantes...agora o que há de divertido nisso?

Esse aí é um trecho da entrevista de Marcelo Tas pra Trip desse mês.
Era sobre isso que eu tava falando dia desses e até escrevi algo aqui no blog. Eu não entendo jovens atores que ainda nem tiveram tempo de experimentar as agruras reais da carreira, já migrando pra televisão, falando aqueles textos de merda que os novelistas escrevem, e justificando sua atitude com o papo de que estão querendo estabilidade. Quando eu tinha 20 e poucos anos, só queria fazer algo bacana, escrever um texto fudido, fazer um personagem legal no teatro, enfim, algo que me desse real prazer. Nem pensava em estabilidade. Comia miojo e era muito feliz. Continuo assim até hoje, é claro. Só não como mais miojo. Já posso pagar o meu PF na esquina ou desfrutar da permuta do Planeta´s. Mas o que quero dizer é que até tento entender a rapaziada que se fudeu a vida inteira, não conseguiu nada e na metade do segundo tempo resolve mudar o jogo em busca de estabilidade pra si mesmo ou pra sua família. Alguma espécie de jazigo com dignidade, né? Não há nada de heróico em ser enterrado como indigente. Não sou a fim de ficar julgando. A rapaziada se fode pra caralho. Mas e essa garotada? Eu não consigo entender. Há algum tempo atrás, um garoto veio pra mim com um discurso revolucionário e raivoso. Disse pra ele: "Garoto, só acredito em rebelde depois dos 30". Com isso eu queria dizer que é fácil ficar posando de rebelde sem concessões aos 20 anos de idade. Quero ver manter o discurso e a coerência depois dos 30. Mas hoje em dia, já não sei. Se vejo um garoto se esforçando pra manter o mínimo de irritabilidade perante essa merda toda, já fico muito feliz. A grande maioria tá muito velha antes da hora. Um bando de velhos jovens tristes. É só isso. O Tas matou a pau.

(((é por essas e outras que simpatizo com esses caras. Bortolotto, Tas e outros malucos aí)))