: Diz-se de criança irrequieta e traquina, que não está quieta um só momento.

Monday, December 15, 2008

dobradinha e subordinação intelectual

Uma das coisas mais bacanas dessa experiência como garçonete é se sujeitar a situações que você não se sujeitaria normalmente.
Na sexta-feira tinha dobradinha no jantar. É praticamente um dos únicos pratos de que eu não gosto. Mas eu comi.
Como eu poderia ter uma postura arrogante, se todos meus colegas estavam jantando a mesma coisa ?
Comi a dobradinha.
E dá-lhe cerveja em cima pra ajudar o negócio a descer. 
Coisa boa : não tive que dobrar guardanapos porque já tinham muitos dobrados. Ieba.
O bar começou a encher, Arthur chegou com alguns amigos, ficaram no bar de cima.
Corre daqui, serve dali, um gole de mojito acolá, ainda tava bem tranquilo.
- Bonito esse seu lenço amarrado assim, uma coisa meio pin-up. 
Porra, a cantada do lenço de novo ? 
- Ah, obrigada, mais uma cerveja ? 
- Qual seu nome ? 
Genaro. Sério ? 
- Fabiana - respondo já saindo.
Depois disso ele tentou travar uma conversa comigo e parecia espantado com as minhas respostas. 
- Você tem senso de humor refinado, hein ?
Ahã. Que merda de preconceito é essa ? Por ser garçonete eu teria de ser burra ? Ou ele, na condição de cliente, de patrão, se acha superior ?
Lamentável. Enfim, mais uma lição. E uma decepção.
Movimento grande, mas sob controle. 
Risadas, porção de lula e drinks novos atrás do balcão, combino uma cerveja depois do "serviço" com Gi, a garçonete-tatuadora e Caio, o garçom-mergulhador.
Ihhhhhh, esconde o mojito que a patroa tá vindo.
É engraçado, a relação funcionário-patrão é a mesma em qualquer lugar, independentemente da atividade.
Mojito escondido, clientes indo embora, duas e pouco da manhã.
Cerveja ?
Nosso destino era um bar ali do lado, na Augusta mesmo. Só fomos embora quando os garçons nos colocaram pra fora, depois de pedirmos ao menos três saideiras. 
Realmente existem clientes inconvenientes. Deveras inconvenientes.