: Diz-se de criança irrequieta e traquina, que não está quieta um só momento.

Monday, October 06, 2008

palavras de Ferran Adriá

"...O que ali se oferece abala os sentidos dos espectadores. Não raras vezes, eles pendem entre o choro e a gargalhada. São experimentações como o cookie de tomate, o creme de pinhole verde com nitrogênio líquido e o leite elétrico, nada mais que uma bolacha de leite com pimenta chinesa que cumprirá a missão de formigar a língua do comensal quase dois minutos depois da degustação.
"Nunca quis alimentar ninguém", avisa Adrià ao lembrar que anos atrás garçons traziam uma bexiga com aroma de laranja para ser cheirada pelos freqüentadores dispostos a se imaginar num pomar. "Prefiro emocionar", escreve no e-mail em que anexa uma imagem de seu sorbet de morango com recheio de queijo. "Lembra uma escultura, não?" Lembra. E, para Adrià, é. Durante os primeiros anos em que assumiu a cozinha do El Bulli, relutou em se apresentar como artista...."
"...Hoje, pouco se importa com aqueles que não aceitam a inquietude artística vinda de um homem trajando avental. Adrià está cansado. Não de si, mas do que custa a chegar. Ele jura: só abalou a estrutura química do aspargo para que suas pontas ficassem disformes e inquietas no céu de nossas bocas, pois queria desnudar a alta gastronomia. Meses atrás, filosofou diante do sofisticado El Bulli lotado de admiradores: "Será que desconstruí para reconstruir tudo tal qual era antes?". Adrià aguarda ansioso por alguém que o supere, o Davi que um dia foi. Deseja, agora, se tornar efêmero e, assim, inquestionavelmente contemporâneo.

trecho da matéria que saiu na Bravo desse mês.
eu não quero muita coisa da vida, não, mas daria quase tudo pra um dia ir ao El Bulli.
interessante, bem interessante, Adriá...