: Diz-se de criança irrequieta e traquina, que não está quieta um só momento.

Tuesday, June 30, 2009

olhe de novo

Flores sendo colhidas pra enfeitar a mesa de jantar, jogo na grama, vinhos sendo abertos na cozinha, uma luz deliciosamente aconchegante, risadas de crianças, comida boa, fogueira. Simples, feliz.
É mais ou menos assim a cena do filme "Há Tanto Tempo que Te Amo", que me fez chorar, no último domingo.
Uma cena triste e linda. Triste pela falta que sinto disso, pela falta de doçura das pessoas hoje em dia, pela falta de delicadezas.
Linda por tudo que é, pelas sutilezas, pelas gentilezas, por ser o que eu quero pra minha vida.
Nem bom dia, nem arroz-doce, eu te amo é mais caro.
As pessoas se desacostumaram.
Nem carta, nem almoço demorado, saúde ! nem pensar.
As pessoas se acostumaram.
A não reparar nos detalhes. A correr, correr, correr (mesmo sem saber pra quê e pra onde). A não se importar, a se blindar.
Eu me vejo assim tantas vezes. E aí tento reverter.
Às vezes consigo.
Ontem, por exemplo, parei ali na sala de casa, observando o primeiro botão da minha flor-de-maio abrir. Peguei os encartes dos discos recém-comprados e ouvi com calma cada canção.
Me sinto até meio piegas, mas isso é fundamental pra mim.
E foi isso que o filme escancarou: a falta que sinto desse tipo de gente, parece que foram retiradas do mercado. Desse tipo de atitude, foi tudo pasteurizado ?
Eu sigo aqui, resistente, chorando sem muito motivo às vezes, achando incrível agradar amigos com "pratos preferidos", soltando umas bolhas de sabão, planejando uma vitrola, experimentando um vinho aqui outro acolá, tentando amaciar a coisa toda à minha maneira.
Porque, como diz o Mário, tem caras que reparam em poças d'água. De algum modo, isso traz um conforto que me sussurra: é possível.