fabi por dezoca - parte 2
As mesas em todos os ambientes da casa estavam lotadas. Eu poderia passar a noite inteira naquelas poltronas. Caetano não sobreviveria `a minha crise nostálgica e existencial. Eu falaria a noite inteira na Dona Clara. Ele saiu rapidamente atrás da Fabi, quando ela descolou uma mesa pra gente no bar novo. O lugar estava reservado para o aniversário de um amigo dela.
Caetano se divertiu com as camisetas dos garçons. Elas são pretas e nas costas trazem duas mãos que simulam um abraço e parecem de verdade. Então, quando a Fabi passava, parecia que ela andava com alguém dependurado.
Caetano ainda recebeu amigos super simpáticos, de Manaus, na nossa mesa.
Enquanto conversávamos, observava o vai e vem da Fabi.
Fabi no balcão:
- Gato, duas caipirinhas, por favor.
Gato era o barman.
Fabi ia em direção ao jardim com uma bandeja na mão. Voltava com copos vazios. Saia de novo com as caipirinhas. Voltava de novo. Ai, meu Deus, essa bandeja está muito cheia. Como ela consegue andar naquelas pedrinhas sem derrubar nada no chão? E ainda por cima dar atenção a todos os amigos que foram vê-la?
Depois de algumas horas, eu havia tomado várias caipirinhas de saquê, comido vários petiscos deliciosos. Já tinha revelado segredos inconfessáveis ao Caetano. Fabi, mesmo tomando umas e outras com os outros garçons, todos escondidos atrás do balcão, andava pra cá e pra lá sem demonstrar nenhum sinal de cansaço. Sem cair em nenhuma cantada barata dos clientes mais ousados. Eu jamais conseguiria uma performance tão perfeita.
Fabi incorporou uma personagem. Criou um papel para si. Servir as pessoas foi uma forma de se ver refletida no outro. De enxergar o outro e a própria vida de uma maneira diferente. E, principalmente, um jeito irreverente de se divertir com a loucura dos outros.
Porque, é claro, loucos são os outros!