: Diz-se de criança irrequieta e traquina, que não está quieta um só momento.

Thursday, April 28, 2011

sem verniz

Vendo surgir, a cada dia, a tinta mais antiga, marcas que estavam camufladas com mãos e mãos de equívocos e que talvez fosse mais fácil deixar assim mesmo. Mas as certezas são vacilantes. Na corda bamba dos desejos eu sempre fui profissional. Também tenho larga experiência em me despistar, achar que dá pra cortar caminhos que, necessariamente, tem de ser percorridos com calma. Mas ultimamente as evidências dos meus enganos tem vindo me dar bom dia com uma frequência assustadora. Eu, que sempre fui de acelerar, passar a 100 pelas curvas, tenho cada vez mais vontade de diminuir, evitar acidentes. Eu, que sempre tive certeza do curso a ser percorrido, hoje paro na bifurcação. Eu, que sempre, hoje procuro o de vez em quando. E a tinta vai saindo, o que vejo aparecer é a base. Manchada, machucada, um tanto esfolada, mas real. Uma Fabiana mais real. Com dúvidas, falhas, problemas. E uma vontade enorme de que a coisa dê certo. Sem verniz pra enganar. Me enganar.

*ilustra por Arthur D'Araújo