: Diz-se de criança irrequieta e traquina, que não está quieta um só momento.

Monday, February 22, 2010

como se tivesse faturado na loteria o bilhete da serenidade


Sabe aquela figura que carrega na cara uma sabedoria que ninguém jamais pensa alcançar, por mais que se viva? Que vendeu o apartamento e o bar e comprou um veleiro. E vivia na marola. Que achava que tudo tava bem, sempre. Com seu charuto, seu piano, sua calma. Como se tivesse faturado na loteria o bilhete da serenidade.
Reinaldo era seu nome. Acho que 60 era sua idade. Infarto foi a causa mortis. Pirandello diz que o destino é burlesco por natureza. E, frente a isso, como não concordar com ele ?
A finitude é algo desesperador. Pensar nos lugares, sabores, livros, amores, músicas, ainda há tanto porvir, mas que num estalo pode nunca acontecer.
E nada podemos fazer contra isso, a não ser seguir a correnteza até que decidam apagar a luz. E que tenhamos feito o nosso melhor, quando esse momento chegar. Assim como fez Reinaldo.
Vinícius em "A Hora Íntima", comenta: Qual o amigo que, a sós consigo, pensará: - Não há de ser nada...
É isso, querido Rei.
Não há de ser nada.

*ilustra por Nã