cantadas, Estrela da Roosevelt e outras mumunhas

Noite passada o movimento foi ainda pior. Pior no sentido de maior, né, gente.
Bom, o ritual é o mesmo : chega, janta (com uma Heineken dessa vez !), dobra guardanapos, faz uma inspeção nas mesas, tudo ok, e aí o povo começa a chegar.
Por ser sexta-feira, a clientela sai de casa mais tarde. Consequência : eu vou embora também mais tarde !
Eram dez e meia e nem todas as mesas estavam ocupadas ainda.
Arthur chegou pra ver de camarote a jornalista pagando de garçonete. Pediu um mojito que eu falei ao Rodrigo, o barman, que fosse beeeeeem caprichado.
Arthur aprovou. Até consegui conversar com ele um pouco, pensei : hoje não vai lotar.
Há.
Deu onze e meia da noite e já não se andava. Congestionou geral.
Joca, meu cliente assíduo, chegou e se instalou na mesa de Arthur.Uma Stella, por favor. Sim, um minuto, Joca.
Andar entre as mesas para chegar ao bar já era, nesse momento, corrida de obstáculos.
Na volta do bar, sou abordada por André, um amigo que também sabia do meu "projeto" e, por coincidência, tinha uma festa pra ir lá no jardim do Drô. Ele parecia não acreditar que eu estava levando mesmo a coisa a sério. Insistiu para que eu o servisse, me apresentou para os amigos, contou que eu era jornalista, blá, blá, blá. Pra mim era estranho, porque eu já havia incorporado o espírito garçonete, a Camila Lopez brasileira praticamente, porque eles achavam isso tão "exótico" ?
Não parava de chegar gente.
Gente, gente, gente. Pedidos, pedidos, muitos pedidos. De todos os gêneros_o índice de cantadas da noite passada foi muito mais alto que de quinta. Jogo de cintura, desvia daqui, risadinha simpática dali, desculpa, tá super corrido hoje !
E abordagens das mais diversas :
- que bonito seu lenço, qual seu nome mesmo ?
- você só tem piercing no nariz ?
- uma cerveja gelada, mas só a cerveja gelada, hein ?
- que horas fecha aqui ? fecha às 3h. Ah, e depois daqui, quais os planos ?
- eu pergunto : por favor, qual seu número (da comanda) ? A figura responde : por favor, qual o número do seu telefone ?
E por aí vai. Lembrando hoje é divertido, mas na hora do corre é foda.
Lá pelas duas da manhã, avisto Felipe entrando pra conferir a cena. Uma dose de Jack, Fabi, por favor. Maravilha, Fê, no capricho.O povo tava no pique, não queria ir embora de maneira nenhuma. Começamos a "operação fecha-bar" (nunca pensei que faria uma crueldade dessas), encerrando comandas e tal.
Felipe tomando seu Jack Daniel's no balcão, André e sua turma da Loducca ainda beeeeeeeem animados. Consegui, lá pelas duas e meia, conversar um pouco com eles. Nessa hora Arthur e Joca já tinham abandonado o barco.
E eu pensava : amanhã tô de plantão na TV, clientes amados, hora de procurar outra balada, não acham ?
Que nada...sei bem como é, depois de umas doses a gente perde a noção de espaço, tempo e qualquer bom senso. Eu, amante dos bares, nunca pensei que diria isso em tom de reprovação, como faço agora.
Bom, três e pouco da matina, tudo encerrado, tchau.
Indo pegar meu carro, a constatação de que os bêbados são realmente incansáveis : Felipe me esperava, pacientemente, pra ouvir as histórias dessa jornada e tomar a gelada da noite. Ok, voto vencido, aceito.
Uma cerveja na Estrela da Roosevelt, pés doloridos, risadas, agora sim, tchau.
Às nove da manhã o despertador toca. Levanto para mais um longuíssimo dia, que só deve terminar lá pelas quatro da manhã desse domingo.
Cê tá pensando que eu sô lóki, bicho ?