meu sorriso nasceu pra ser usado
2011 vem chegando à beira do precipício. Perto do fim, bem perto de me deixar em paz.
Foi um ano perverso. Que me tirou do centro, me tirou o riso da cara. Se fosse uma nuvem, seria daquelas que precedem um temporal devastador.
Na inevitável retrospectiva pessoal, encontro dificuldades em achar momentos felizes nesse ano.
Sofri _e um fio de sofrimento ainda se agarra, persistente, às minhas pernas, mas chacoalho, escorraço ele daqui_, o que era previsto para 2 ou 3 anos. Como nessa época de verão, quando chove num dia o previsto pro mês todo. O resultado, quase sempre, é catastrófico.
Nunca me senti assim, essa folha que caiu da árvore e se vê arrastada por uma correnteza perigosa e imprevisível.
Nunca montei num ano tão xucro como 2011. Sem cabresto que dê conta.
Por isso essa angústia de manhã de 24 de dezembro é também libertadora. Ela traz no ar o aviso: tá no fim.
Construíram uma parede de 2 metros e barraram qualquer inocência desavisada. Os guardas prenderam minha risada, minha alegria, meus prazeres.
Mas 2012 caminha na minha direção trazendo na cesta que carrega nas mãos doses generosas de tudo que foi usurpado nesse ano birrento.
E não tem quem possa tirar os primeiros sinais desse sorriso tímido, esperançoso, que se desenha no meu rosto. Ele vai bater o pé e partir pra briga se quiserem arrancá-lo daqui.
Meu sorriso nasceu pra ser usado.